terça-feira, 6 de setembro de 2011

Atenção

Pessoal,

Durante este semestre não haverá sessões do Cinemoras aos domingos...mas o motivo é bom: o ano passado conseguimos grana com a Preac (edital PEC 2010) para comprar novos equipamentos e acervo para o Cine. A administração topou dar uma reformada na sala, trocar os vidros, pintar, etc...Assim que, logo o Cinemoras estará de cara nova...por enquanto, estamos nos dedicando à reforma da sala e à compra dos materiais.
Quem quiser ajudar neste processo será super bem vindo...dicas, sugestões, críticas também são bem vindas!
Qualquer coisa, passem na casa N-8.
Abraços
Ronaldo - Cinemoras

quarta-feira, 27 de abril de 2011

PROGRAMAÇÃO MAIO DE 2011

01/05/2011 – ESPECIAL: DIA DO TRABALHO


O CORTE


Drama. Bélgica. 2005. Direção de Costa-Gravas

Após quinze anos de leais serviços como executivos de uma fábrica de papel, Bruno D. é despedido.Três anos se passam sem que ele encontre um novo emprego. Agora ele está disposto a tudo para conseguir um novo posto, transformando-se em um assassino frio e calculista. O filme retoma a temática do trabalho, só que agora sob a perspectiva da Europa contemporânea.

CRÍTICA:
Bruno Davert (José Garcia) é demitido da empresa onde trabalhou por 15 anos quando esta passa por uma redução de pessoal antes da transferência de sua sede para o leste europeu. Depois de dois anos desempregado e sem vislumbrar possibilidade de sucesso profissional, ele resolve tomar o cargo de um engenheiro de papel da mais próspera indústria do país, a Arcadia. Para isso, elabora um plano macabro: eliminar os cinco principais concorrentes a essa vaga e, é claro, o seu atual ocupante.

O Corte, filme lançado em 2005, conta com um fino humor negro, presente nas trapalhadas deste desempregado na eliminação de seus adversários pelo emprego. A adaptação do livro do americano Donald Westlake, sob a direção de Costa Gavras, é uma crítica ao capitalismo que rege a nossa sociedade atualmente. Ela mostra a ganância corporativa que acirra a concorrência e o medo do cada vez crescente desemprego. Tais situações são formadas pela busca desenfreada pelo consumo, numa sociedade em que “ter” é o verbo mais admirado.
De acordo com o sociólogo polonês Zygmunt Bauman, “As pessoas não são excluídas porque são más, mas porque outros demonstram ser mais espertos na arte de passar por cima dos outros”¹. Assim é a sociedade capitalista, onde um estranho “darwinismo social” faz prevalecer a máxima de que “só os fortes sobrevivem”. Logo, observamos tal situação na última película do grego.
O diretor brinca ainda com os clichês de filmes americanos, onde a TV mostra sempre notícias sobre o assunto interessante aos personagens (a propaganda da fábrica de papel Arcadia e o noticiário sobre a morte de um dos concorrentes de Bruno, por exemplo). Ainda, uma campanha publicitária que nunca chega a ser totalmente compreendida pela audiência pontua vários momentos numa crítica muda ao consumismo (outdoors e um caminhão que passa com a propaganda, quando a câmera abandona a cena principal para seguir o veículo).
O roteiro, elaborado por Costa Gavras e Jean-Claude Grumberg, certamente é o ponto mais alto nessa obra, tendo inclusive recebido indicação ao César de Melhor Roteiro Adaptado. Também se trata de uma novidade no cinema de Gavras, famoso pela feitura de filmes com cunho político e social, aqui há um registro inédito em sua carreira: a pincelada cômica na história tratada
Retratando a globalização levada às últimas conseqüências, O Corte é uma produção que quer fazer pensar. Reconvocando Bauman, poder-se-ia, assim, afirmar que “A globalização é excludente, traiçoeira, eliminadora. Ela causa morte, fome, desemprego e caos para milhões de seres humanos”², exatamente o enfoque que Gavras consegue em seu filme.
Fora da lógica hollywoodiana, o filme em momento algum se deixa levar pela filosofia maniqueísta. Por mais que o espectador julgue Devert culpado e criminoso, ele nunca chega realmente a odiar a personagem. Ainda que se crie a expectativa de uma punição, ela não acontece, e nem por isso desaponta. Não se encontra aqui a lógica da “culpa que termina em castigo”, doutrina do cinema clássico norte-americano.
Observando Bruno, ele é um cidadão comum, até medíocre. É o típico pai de família que, sem emprego para sustentar a casa, acaba um pouco deprimido e desmotivado, enfoque esse tão vulgar no cinema como um todo. Nem mesmo o rótulo de criminoso chega a ser tão pesado quanto o de “desempregado”. Contudo, a personagem se singulariza por levar às últimas conseqüências a metáfora de “acabar” com a concorrência, quando resolve matar seus adversários na luta por uma vaga.
Ele se destaca ainda pela frieza que consegue adotar frente às suas vítimas. Devert tem o distanciamento necessário de seus alvos (como na cena do terceiro homicídio, em que conversa um pouco com o garçom, mas decide que deve ir embora antes que esse diálogo “ameace sua sanidade mental”
Por fim, os outros papéis são bastante estereotipados, como a esposa, dona de casa, que precisa arranjar pequenos empregos miseráveis para manter a família. É uma mulher sem iniciativa que, mesmo estranhando o novo comportamento de Bruno, nunca o questiona e compactua com suas escapadas. Assim são também os filhos, uma garota e um garoto (a típica família classe média ocidental), cujos comportamentos refletem a dinâmica da vida do pai.
Costa Gavras consegue em O Corte uma crítica cheia de graça, mas que nem por isso deixa de levantar as questões tão importantes para o mundo atual. A principal delas talvez seja a supressão da ética, da moral, quando ainda preservamos o físico, mas não devotamos o mesmo valor à mente. Por enquanto.
Fonte: RUA- Revista Universitária do Audiovisual - Tariana Fernandes
Trailler e Crítica: http://www.youtube.com/watch?v=BEjFtOp3Dgk


08/05/2011



QUASE DOIS IRMÃOS

Drama. Brasil. 2004. Direção de Lucia Murat.

Aborda a relação entre presos políticos e presos comuns, dando origem ao Comando Vermelho que, mais tarde, passaria a dominar o tráfico de drogas. A ligação é feita por meio de dois personagens, Miguel (um jovem intelectual de classe média, preso político na Ilha Grande e, hoje, um deputado federal) e Jorge (filho de um sambista que, de pequenos assaltos, transformou-se num dos líderes do CV).

CRÍTICA:
Quase dois irmãos, de Lucia Murat, é sobretudo um filme sobre conflitos. Conflito entre dois amigos de infância cujas vidas correram paralelas em similitudes e diferenças. Conflito entre caminhos que, como assinalou Borges, se bifurcam, pontuando a distância que há entre os sonhos que alimentamos e seus desenhos concretos. Conflito, enfim, entre duas épocas – o final dos anos 60, ápice autoritário da ditadura militar, e os dias de hoje, quando o país encurrala-se no impasse aparentemente sem solução do crescente poder e sedução do narcotráfico.

Os dois amigos, no caso, são Miguel (Caco Ciocler) e Jorge (Flavio Bauraqui), que se conheceram ainda crianças devido ao apreço entre seus pais – o do primeiro, um intelectual apaixonado pela cultura popular; o do segundo, um sambista negro e morador do morro. A ponte cultural sugerida já no princípio do filme é, pois, a união possível entre esses dois lados da frágil moeda social brasileira – e também o ponto de partida para a diretora investigar de que maneira acabamos chegando ao dilema que ora nos aflige.
A trajetória de Miguel e Jorge será acompanhada ao longo de suas histórias pessoais, sempre conectadas a um fundo político e centradas em dois momentos básicos: a convivência na Ilha Grande, onde foram enquadrados na mesma Lei de Segurança Nacional - respectivamente por motivos políticos e por assalto - e o reencontro na atualidade, quando um virou deputado federal e o outro, líder do Comando Vermelho. Murat repisa a tese de que o convívio de detentos comuns com os articulados representantes dos movimento de esquerda corroborou para o nascimento do chamado ‘crime organizado’. E renova, agora através da paixão da filha adolescente de Miguel pelo ritmo do funk e por um jovem traficante, o paradoxal vínculo de repúdio e fascínio que fração dos segmentos mais estudados mantém com relação ao que é marginal.
Assim, mais do que fazer um simples recorte a respeito de certos aspectos do Brasil sob a mão pesada dos militares, a diretora expõe dilemas que nos flagelam hoje, com a cisão entre a classe média insegura, refém do próprio individualismo, e o imenso contingente de pobres que, cada vez mais afeitos aos signos do consumo, optam por trocar anos de vida por algum glamour, nem que seja meramente local. Um glamour cujo financiamento é feito pela própria classe média, num moto-contínuo sem freio ou solução imediata. Esse dois mundos, que se esbarram com progressiva freqüência, são muito bem retratados no roteiro, assinado em parceria por Murat e pelo escritor Paulo Lins, ela ex-militante política, ele autor do romance Cidade de Deus.
Com uma competência técnica que (felizmente) não abdica da contundência, Quase dois irmãos explicita a conivência policial, a coexistência compulsória da comunidade com os criminosos, a violência gratuita de quem se crê onipotente, todos estes elementos que contribuem para o mérito do filme de não enveredar por otimismos cândidos, nem apontar dedos para nichos exclusivos. Pelo contrário. Se Murat concede ao Estado sua parcela de culpa, em contrapartida não livra a cara o indivíduo - cuja imagem, na produção, faz lembrar a “superfluidade” conceituada pela grande Hannah Arendt. Uma imagem que esboça impotência acomodada, como se nada que se diga, se queira ou se faça vá importar para a sociedade.
Entre as atuações, destaque para os elencos dos grupos Nós do Morro e Nós do Cinema, que representam os jovens do tráfico, e para Flavio Bauraqui, no ponto exato como o estrepitado Jorge. Merece citação a sensacional seqüência em que, diante da lancinante dor-de-cotovelo do amigo, ainda dentro da prisão, Jorge o consola, e consegue transformar a situação essencialmente dramática numa verdadeira catarse. O trabalho de Ciocler é prejudicado pelos traços um tanto estereotipados do militante de esquerda sessentista. Isso, embora seja possível especular se alguns deles não constituíam de fato estereótipos em si.
Em meio a tantas qualidades, é preciso salientar que Quase dois irmãos por vezes esbarra no didatismo e chega a abusar de metáforas à beira do lugar-comum. Um bom exemplo é a passagem em que os detentos da Ilha Grande propõem – e constróem – um muro que a partir de determinado momento dividirá o pavilhão entre presos políticos e os presos comuns. Desnecessária, a alegoria acentua o que já está bastante claro para o espectador.
São, entretanto, problemas menores num filme tão urgente quanto o estado de coisas que, mais do que apenas denunciar, procura compreender, numa abordagem à beira do documental, muito valorizada pela fotografia de Jacob Solitrenick. A câmera na mão possibilita a agilidade e o vigor adequados à trama. E, em alguns momentos, se permite vôos para além do realismo. É o que acontece num plano-síntese no qual Jorge, já alçado ao comando do tráfico, descansa em sua cela, coberto pela sombra das grades em contraluz. Sugestão sutil de que dentro da atual perspectiva não há liberdade possível; de que sua clausura estende-se para além do presídio, e o acompanhará aonde esteja ou para onde vá. Assim como a de Miguel. E infelizmente, talvez, como a de cada um de nós. (FONTE: críticos.com)

TRAILLER: http://www.youtube.com/watch?v=0mYVCbFKQ24







15/05/2011



OURO AZUL: World Water War


Documentário. EUA. 2009. Direção de Sam Bozzo

Documentário sobre a escassez de água no mundo, que demonstra como o planeta se aproxima “rápida e perigosamente” de uma crise mundial por este bem essencial à vida.

Inspirado no livro “Ouro Azul”, de Maude Barlow e Tony Clarke, o filme venceu seis Festivais Internacionais em 2009.

 TRAILLER: http://www.youtube.com/watch?v=Ikb4WG8UJRw



 
22/05/2011



O CONCERTO


Comédia. Russia. 2010. Direção de Radu Mihaileanu

Há 30 anos atrás, o renomado maestro Andrei Simoniovich Filipov (Alexei Guskov) foi demitido da orquestra de Bolshoi, mas seguiu trabalhando por lá como auxiliar de limpeza. Um dia, ele acaba descobrindo que o Bolshoi foi convidado para tocar no Châtelet Theater, em Paris, e decide reunir seus antigos amigos para tocar no lugar da atual orquestra.

CRÏTICA:
O cineasta romeno Radu Mihaileanu conseguiu de novo. Depois de escrever e dirigir um dos melhores filmes dos anos 90 – O Trem da Vida – Radu apresenta seu genial O Concerto, filme coproduzido por nada menos que cinco países: França, Itália, Bélgica, Rússia e Romênia. Um verdadeiro tour de force europeu que traz como tema exatamente as aventuras, desventuras, ironias, dramas e comédias de tornar a União Europeia uma efetiva... união.

A idéia original é de Héctor Cabello Reyes e Thierry Degrandi, praticamente dois desconhecidos no mercado cinematográfico. Eles desenvolveram a incrível história de Andrey (Alekesey Guskov), famoso maestro da antiga União Soviética que, por motivos que só saberemos ao final do filme, caiu em desgraça com o então todo-poderoso premiê Leonid Brejnev, e hoje é apenas um faxineiro do Teatro Bolshoi, em Moscou. Tudo caminha melancolicamente na vida de Andrey, até o dia em que acidentalmente intercepta um fax encaminhado ao diretor do Teatro, solicitando a contratação da orquestra do Bolshoi para uma apresentação de gala no conceituado Teatro Châtelet de Paris. É a chance de sua vida! Sem imaginar as consequências, o ex-maestro decide enganar o verdadeiro Bolshoi e ele próprio se apresentar na capital francesa. Mas, para isso, terá de montar uma orquestra inteira... em 15 dias.
Assim tem início uma louca, divertida e satírica empreitada bastante parecida por sinal com a doce maluquice da proposta básica de O Trem da Vida: criar uma grande farsa para iludir e tirar proveito dos aproveitadores do poder. Em ambos os casos, de ambos os filmes, o humor e o imponderável estão a cargo do sarcasmo social. Mais do que formar uma orquestra de Brancaleone, o grande maestro na verdade rege aqui a própria identidade europeia, multifacetada, fragmentada, mas com talento e garra suficientes para criar uma união que - talvez - traga benefícios a todas estas pequenas e enraizadas culturas que se convencionou chamar de Europa. Uma fragmentação que encontra na perfeita sintonia obtida num concerto erudito sua mais fiel analogia.
E mais: o filme é um verdadeiro resgate da dignidade russa pós-esfacelamento da União Soviética. Num primeiro momento, a título de comédia, O Concerto parece até exagerar na dose de preconceitos contra os eslavos, pintando-os como embriagados e irresponsáveis. Aos poucos, porém, percebe-se que Mihaileanu está apenas carregando de forma proposital nas tintas da maquiagem do palhaço, para nos momentos finais revelar toda a beleza e o poder de recuperação desta cultura tão grandiosa que foi por décadas ridicularizada pela Guerra Fria, pelos donos da mídia ocidental, e pela incompetência de vários de seus próprios dirigentes políticos.
Tudo isso com um humor encantador, um ótimo ritmo de comédia, e um belo roteiro que guarda boas surpresas para o final. Indicado a quatro prêmios César (ganhou os de Som e Trilha Sonora) e ao Globo de Ouro de Melhor Filme em língua não inglesa, O Concerto é uma das melhores produções que vimos no circuito comercial brasileiro em 2010.

TRAILLER: http://cinema.uol.com.br/ultnot/multi/2010/12/09/04021C3268D4898307.jhtm



29/05/2011: ESPECIAL: GUERRA CIVIL ESPANHOLA



TERRA E LIBERDADE


Inglaterra/Espanha. 1995. Direção de Ken Loach

Tendo como pano de fundo a Revolução Espanhola, conta a história de uma jovem que encontra entre os pertences do avô falecido, um ex-revolucionário que lutou contra o fascismo de Franco, algumas cartas, recortes de jornais e um punhado de terra embrulhado num lenço. É baseado no romance Terra e Liberdade (ou Homenagem à Catalunia - em Portugal), de George Orwell (mesmo autor do livro 1984), que neste livro relata sua passagem pela Guerra civil espanhola. Destaca-se que o filme é do mesmo diretor do filme Pão e Rosas. Venceu o prémio do Júri Ecuménico no Festival de Cannes.

TRAILLER: http://www.youtube.com/watch?v=VKCOkm5wA48

terça-feira, 19 de abril de 2011

Novidades...Edital PREAC!!

Pessoal,

Saiu o resultado do edital PEC2010 e o projeto do Cinemoras foi aprovado!!!Com essa grana pretendemos deixar o espaço impecável...mais acervo, novo projeto, equipamentos de som, enfim...mais uma vitória para a Moradia...que agora irá contar com mais equipamentos e com uma sala, de fato, adaptada para sessões de cinema!!

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Reativando o Cinemoras - Programação Abril de 2011

Lembrando que as sessões ocorrem aos domingos, às 19h, na torre do bloco O-N da Moradia Estudantil da Unicamp (Av. Santa Isabel, 1125)

 10/04/2011



Almoço em Agosto.

Comédia. Itália. 2008. Direção de Gianni Di Gregorio



Sinopse: Giovanni é um homem de meia idade, que mora com sua mãe viúva e enfrenta problemas financeiros. Sabendo de sua complicada situação, Luigi, o proprietário do apartamento em que eles vivem, faz uma proposta: que Giovanni abrigue a mãe dele e sua tia Maria durante o feriado de 15 de agosto, em troca de um abatimento nos aluguéis atrasados. Sem alternativa, ele aceita. Logo Giovanni é obrigado, a contragosto, a assumir o papel de babá das senhoras alojadas em sua casa.

Crítica: Um dos encantos do cinema está em nos permitir conhecer outras realidades e culturas. Almoço em Agosto (Pranzo di Ferragosto) traz uma dessas oportunidades que não podem ser desperdiçadas por quem gosta ou tem interesse em conhecer a cultura italiana. Além de o protagonista passar o filme inteiro bebendo vinho e cozinhando pratos típicos, ele está preparando o almoço de Ferragosto, um feriado que muitos não conhecem. Tudo surgiu de uma festividade romana pela fertilidade, mas com a adoção do Cristianismo a festa foi convertida em uma celebração que relembra a ascensão de Virgem Maria, comemorada em 15 de agosto.

A inversão de papéis entre pais e filhos que acontece na terceira idade é muito bem retratada pela produção. Sempre se tem a impressão que os idosos podem por vezes comportarem-se como crianças que precisam ser controladas. Comendo o que não deve, retrucando às sugestões das pessoas mais novas e outras travessuras e manhas são mostradas pelo filme de forma leve, sensível e cômica. Entre uma risada e outra, não se surpreenda se bater aquela vontade súbita de visitar a vovó.
Quem acompanha meus textos sobre cinema, sabe da minha indisposição com uma certa tendência contemporânea do cinema europeu de produzir filmes que não se focam muito no conflito e preferem fazer o retrato de uma situação, como o recente Horas de Verão. Almoço em Agosto segue essa linha que pejorativamente e deliberadamente apelidei de “filmes sobre nada”.
Fico muito feliz e não tenho medo de afirmar que a fita italiana é a primeira que eu realmente gosto e até tenho vontade de rever nesse novo gênero. As razões de minha afeição são a grande simpatia que os personagens apresentam e a comicidade leve desse singelo filme. (Fonte: Cinepop)

Trailler: http://www.youtube.com/watch?v=qdElOqCwcu8


17/04/2011



Cidadão Boilensen.

Documentário. Brasil. 2009. Direção de Chaim Litewski.



Sinopse: "Cidadão Boilesen", conta o envolvimento da classe empresarial brasileira com o pior dos anos de chumbo da ditadura Brasileira. Henning Boilesen, figura representativa na alta roda paulistana, presidente do grupo Ultra (Ultragás) participou ativamente na OBAN (Operação Bandeirante). O filme mostra que ele, assim como empresários da Camargo Correa, Folha de São Paulo, entre muitos outros, financiaram a repressão. Boilesen, diferentemente de quase todos, foi punido, sendo assassinado pelos militantes do MRT e ALN.

Crítica: Há 18 anos - em 1991 -, Chaim Litewski ingressou na ONU, o que o faz hoje viver em Nova York. No início da semana, ele voltou ao Brasil - e a São Paulo - para participar de um debate sobre seu documentário Cidadão Boilesen, que estreia nesta sexta, 27, nos cinemas. Cidadão Boilesen foi premiado no Festival Internacional de Documentários É Tudo Verdade, esteve no Festival do Rio e na Mostra de São Paulo. Sempre aplaudido pelo público e pela crítica, levanta o véu sobre a Operação Bandeirantes.
A Oban, como era chamada, foi um centro de informações, investigações e de torturas montado pelo Exército brasileiro no fim dos anos 1960 para combater organizações de esquerda que confrontavam o regime ditatorial que vigorava desde 1964 no País. O filme deixa claro que era financiada por empresários e banqueiros. O caso de Henning Boilesen, o cidadão Boilesen, é exemplar. Dinamarquês naturalizado brasileiro, ele virou empresário no País. Anticomunista ferrenho, ligou-se a grupos militares e paramilitares. Outros empresários e banqueiros - nomeados no filme - também fizeram isso, mas Boilesen se destacava por uma particularidade fartamente debatida no filme. Sádico, ele tinha um prazer especial em seguir as sessões de tortura, chegando a fornecer carros da empresa Ultragaz, do grupo Ulbra, que presidia, para operações de repressão. Em 1971, foi vítima de uma emboscada e morto por guerrilheiros.
Um dos entrevistados, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, faz uma bela análise sociológica do episódio. Guerrilheiros fazem acusações a Boilesen, mas seus familiares - o filho, em particular - contestam que fosse o monstro sugerido em Cidadão Boilesen. Entretanto, os indícios são muitos e confirmados por outros notórios personagens ligados à Oban, incluindo o célebre Coronel Erasmo Dias. No debate de segunda-feira, Litewski lembrou que foi em 1968 que ouviu pela primeira vez, na televisão, o nome de Boilesen ligado a grupos militares. Após a morte do empresário, ele nunca deixou de pensar no assunto, mas só começou a encarar a possibilidade de realização de um filme a partir do depoimento que colheu do ex-guerrilheiro Carlos Eugênio da Paz. "Só aí foi que eu realmente me conscientizei de que tinha material para uma obra consistente."
Mesmo assim, foram mais de 15 anos de pesquisa, que agora se concluem na estreia. Litewski elaborou uma lista de 200 possíveis entrevistados. Um terço lhe bateu o telefone na cara, tão logo ele anunciava sua intenção. Outro terço admitia dar depoimento, sem que fosse gravado ou filmado, certamente temendo represálias. O terço final, finalmente, deu a cara e a voz às denúncias formuladas no filme. Elas de alguma forma corrigem a história oficial. Mostram que a famigerada ditadura foi, na verdade, uma aliança civil-militar, incentivada e sustentada por setores de peso na sociedade, e não apenas empresários da Fiesp ou banqueiros da Febraban. Nem a imprensa é poupada. Litewski, que se autodefine como ‘rato de pesquisa’, só cita empresários e organizações que tenham sido mencionados por no mínimo três fontes diferentes.
Formado em comunicação, propaganda e cinema, Chaim Litewski especializou-se em filmar, documentar e discutir conflitos. Ele admite que tem uma relação de fascinação e ódio pela violência. Este documentário, feito ao longo de tanto tempo, o levou até a Dinamarca, em busca das origens de Henning Boilesen. Lá ele ouviu um depoimento muito interessante, que está no filme - o empresário, que teve uma origem humilde, tinha um lado sombrio muito forte na sua personalidade. Criança, teve um prazer tão grande em observar a punição de colegas da escola que o caso foi suficientemente inusitado para merecer a observação de um dos professores, acrescentada à ficha escolar. Na Dinamarca, a própria cultura local talvez lhe impusesse manter essas tendências perversas reprimidas. No Brasil da ditadura civil/militar, em contato com figuras como o sinistro delegado Sérgio Paranhos Fleury, essas tendências não apenas afloraram como foram liberadas.
Litewski conta que, durante muito tempo, somente conseguiu tocar o projeto de Cidadão Boilesen nas horas vagas. Ele trabalhava regularmente, nas suas funções habituais, e às 17 horas, 18 horas ficava liberado para se debruçar sobre os penosos acontecimentos que o documentário registra (e analisa). A verba sempre foi curta - ele só conseguiu finalizar Cidadão Boilesen após a premiação no É Tudo Verdade. Na Dinamarca, quase conseguiu uma parceria, mas os dinamarqueses impunham certas condições e elas se referiam principalmente ao tom do filme, ao enfoque da direção. Queriam o filme compassivo, indignado, com ênfase nas cordas do cello - pegando carona na metáfora musical, já que o ex-guerrilheiro Carlos Eugênio é hoje músico. Litewski queria incorporar música brejeira, fazer sátira, num estilo mais brechtiano. (Fonte: Estadão)

Trailler: http://www.youtube.com/watch?v=9TrocKiappo


24/04/2011



Thelma & Louise.
Drama. EUA. 1991. Direção de Ridley Scott



Sinopse: Thelma é uma dona de casa entediada e Louise), uma garçonete quarentona, cansada da rotina. Juntas, partem em um Thunderbird 66 conversível para uma pescaria de três dias. No entanto , as coisas não acontecem exatamente como elas haviam planejado e em pouco tempo se tornam fugitivas da polícia por haver matado um homem numa tentativa de estupro. Clássico dos anos 90, foi vencedor de vários oscars.

Crítica: Thelma e Louise, cansadas da vida que levam (Thelma é dona de casa e Louise é garçonete), decidem fugir da rotina e juntas resolvem jogar tudo pro alto numa viagem de carro pelo país. O que teria tudo pra ser mais uma historinha tipo "sessão da tarde" se transforma num trama cheia de reviravoltas e surpresas.
Thelma sofre uma tentativa de estupro e mata um homem. Depois conhece e se envolve com JD (um Brad Pitt ainda iniciante na carreira) que se revela não ser nem um pouco confiável. Já Louise, enquanto tenta consertar os estragos que a amiga causa tem ainda que resolver seu relacionamento um tanto complicado com o parceiro Jimmy (Michael Madsen). Apesar de as duas se tornarem verdadeiras criminosas durante o desenrolar da história, não tem como não torcer pela dupla, competentemente interpretada por Susan Sarandon e Geena Davis.
Harvey Keitel (Pulp Fiction, Cortina de Fumaça), que interpreta um policial empenhado e ajudar as protagonistas, também está muito bem em seu papel de coadjuvante. Aliás, Keitel é o tipo do ator que está sempre exibindo atuações espetaculares, ainda que em papéis pequenos.
O filme nunca cai na mesmice, tendo sempre "ganchos" espetaculares, como a cena em que as duas, revoltadas com os gestos obscenos dirigidos a elas por um caminhoneiro, explodem o caminhão do homem sem pensar duas vezes.
O que mais encanta nesse filme é o questionamento que muitos fazem: “Por que largar uma vida perfeitamente calma e normal para se meter num verdadeiro caos de acontecimentos?". A verdade que percebemos ao assisti-lo, no entanto, é que uma vida cheia de tédio e acomodação pode ser bem pior que uma aventura totalmente sem previsão. Thelma e Louise, em seu ponto de vista, se descobrem pessoas sem nada a perder e acabam vivendo muito mais intensamente nos seus dias de fugitivas que em toda a vida "perfeitinha" que levavam.
O filme Ganhou o Oscar de Melhor Roteiro Original, além de ter recebido outras 5 indicações: Melhor Diretor, Melhor Atriz (Geena Davis e Susan Sarandon), Melhor Montagem e Melhor Fotografia.
Quanto ao desfecho, não poderia ter tido melhor, mais inesperado e ao mesmo tempo a única opção condizente com as personagens e com o que elas viveram durante sua jornada. Para não correr o risco de estragar o filme para os que não assistiram, não vou deixar nada explícito quanto ao final, mas posso dizer algo com toda certeza: Não decepciona.


Trailler:http://www.youtube.com/watch?v=na-LDwuH1lQ&playnext=1&list=PL174279CD4128649E

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Cine Olido homenageia SP com filmes que contam a história da cidade

Em 25 de janeiro, a cidade de São Paulo celebra 457 anos, com uma extensa programação cultural espalhada pela cidade. O Cine Olido, localizado na Galeria Olido, apresenta, sob a curadoria de Alex Andrade, a mostra "Cidades de São Paulo", que traz uma seleção de filmes que se passam na capital paulista, entre eles São Paulo Sociedade Anônima, de Luiz Sergio Person, além de uma seleção de curtas-metragens da série “História dos Bairros de São Paulo”, produzida com patrocínio da Secretaria Municipal de Cultura.




Além dos curtas-metragens que enfocam especificamente um determinado bairro, serão exibidas outras produções também patrocinadas pela Secretaria Municipal de Cultura. Na série “Crônicas da Cidade”, o espectador confere o resultado de um edital homônimo que originou curtas-metragens de até 5 minutos que captam instantes representativos da cidade, como no caso do filme dirigido por Eliane Caffé, que retrata uma academia de boxe em funcionamento embaixo do viaduto Alcântara Machado.



Serviço: Mostra Cidades de São Paulo (curadoria: Alex Andrade). Galeria Olido – Cine Olido (236 lugares). De 25 a 30 de janeiro. Ingresso: R$ 1 (meia-entrada R$ 0,50). Classificação etária: 12 anos.



PROGRAMAÇÃO COMPLETA:



SÃO PAULO SOCIEDADE ANÔNIMA

(São Paulo, 1965, pb, 107 min)

direção: Luiz Sérgio Person

elenco: Walmor Chagas, Darlene Glória, Eva Wilma, Ana Esmeralda

Grande painel sobre o impacto das transformações sociais e econômicas na cidade de São Paulo provocadas pelo surto da implantação da indústria automobilística no Brasil, sob a ótica de um indivíduo em ascensão. Após casar-se, ter amantes e progredir socialmente, unindo-se a um empresário do setor automobilístico, ele entra em crise e tenta abandonar sua carreira e sua vida conjugal.

Dia 25/1, às 15h





O HOMEM QUE VIROU SUCO

direção: João Batista de Andrade

elenco: José Dumont, Célia Maracajá, Ruth Escobar, Denoy de Oliveira

A história segue Deraldo, um poeta popular nordestino recém chegado a São Paulo, onde tenta sobreviver de sua poesia e folhetos. Confundido com o operário de uma multinacional que mata o patrão, é perseguido pela polícia e perde sua identidade e condição de cidadão.

Dia 25/1, às 17h





CIDADE OCULTA

(São Paulo, 1986, cor, 75 min)

direção: Chico Botelho

elenco: Arrigo Barnabé, Carla Camurati, Cláudio Mamberti, Celso Saiki

Cidade Oculta é uma aventura violentamente urbana, passada na noite paulistana e conta a história de um marginal Anjo, sua namorada Shirley Sombra, misto de estrela de shows e bandida, o velho companheiro Japa e finalmente o arquivilão, um policial corrupto conhecido como Ratão.

Dia 25/1, às 19h30



O PRISIONEIRO DA GRADE DE FERRO

(São Paulo, 2004, cor, 123 min)

direção: Paulo Sacramento

O sistema carcerário brasileiro visto de dentro: um ano antes da desativação da Casa de detenção do Carandiru, detentos aprendem a utilizar câmeras de vídeo e documentam o cotidiano do maior presídio da América Latina.

Dia 30/1, às 17h



SÉRIE “HISTÓRIAS DOS BAIRROS DE SÃO PAULO”



PROGRAMA 1 – CAPELA DO SOCORRO, CAPÃO REDONDO, JABAQUARA



Capela do Socorro - o balneário paulista

(São Paulo, 2006, cor, 26 min)

direção: Pedro Gorsky

A história da região é contada a partir da construção da represa de Guarapiranga, em 1906.

Jabaquara - terra dos contrastes

(São Paulo, 2006, cor, 26 min)

direção: Francisco César Filho

Por meio de depoimentos e material de arquivo, o documentário mostra a evolução do bairro do Jabaquara. Fica perceptível como a chegada do metrô transformou a localidade em um centro urbano repleto de contrastes.

Capão Redondo - sintonia da quebrada

(São Paulo, 2006, cor, 26’)

direção: Camilo Tavares

História do bairro que se transformou num dos mais populosos de São Paulo. Poesia, direitos humanos, ditadura militar, mutirão de moradia, quilombos, hip hop e cordel são os ingredientes deste filme. Música dos grupos: Samba da Vela e Z'Africa Brasil.

Exibições seguidas, dia 26/1, às 15h





PROGRAMA 2 – SÃO MIGUEL, ITAIM PAULISTA, VILA MATILDE, CIDADE TIRADENTES



Na trilha de São Miguel

(São Paulo, 2006, cor, 26 min)

direção: Carla Gallo

Três crianças buscam conhecer o bairro em que vivem. Por meio desse olhar poético é mostrado o tradicional bairro paulistano.

História da Pedra Pequena

(São Paulo, 2006, cor, 26 min)

direção: Valdir Boffetti

Documentário histórico sobre o bairro do Itaim Paulista, situado no extremo Leste da cidade de São Paulo. Periferia esquecida até os anos 1970, momento em que passa por um processo de reorganização popular.

Vila Matilde - Zona Leste somos nós

(São Paulo, 2006, cor, 26 min)

direção: Ricardo Elias

O diretor faz uma viagem sentimental ao seu bairro de origem. Nessa jornada, ele tem a oportunidade de reencontrar parentes e velhos amigos que relatam a sua experiência de vida na comunidade.

Uma cidade chamada Tiradentes

(São Paulo, 2006, cor, 26 min)

direção: Lilian Solá Santiago

A partir da década de 1970, o poder público começa a adquirir glebas de terra no extremo Leste da cidade de São Paulo, a 46km do Centro, numa área rural conhecida como Fazenda Santa Etelvina, exclusivamente para construção de casas populares.

Exibições Seguidas, dia 26/1, às 17h





PROGRAMA 3 – BRÁS, MOOCA, VILA PRUDENTE, LIBERDADE



Brás, sotaques e desmemórias

(São Paulo, 2006, cor, 26 min)

direção: Marta Nehring

Adaptação da obra homônima do jornalista Lourenço Diaféria, nascido e criado no Brás. O filme é desenvolvido a partir do ponto de vista de quem cresceu no bairro, somado a uma extensa pesquisa visual e de conteúdo.

Partido Mooca

(São Paulo, 2006, cor, 26 min)

direção: Jurandir Müller

Trajetória do bairro mais antigo de São Paulo, fundado em 1556, que também foi palco da primeira greve de trabalhadores no Brasil. Nos depoimentos se percebe o amor que os moradores têm pelas tradições da comunidade.

Vila Prudente

(São Paulo, 2006, cor, 26 min)

direção: Alexandre Carvalho

História da vila fundada por italianos. A forte presença de imigrantes do Leste europeu, seu início industrial e a decadência das últimas décadas. Por meio de antigas lendas é mostrado o cotidiano dos seus moradores.

Liberdade

(São Paulo, 2006, cor, 26 min)

direção: Mauricio Osaki e Mirian Ou

Num mesmo espaço convivem japoneses, coreanos e chineses, que aqui chegaram para construir ou reconstruir suas vidas.

Exibições seguidas, dia 26/1, às 19h30





PROGRAMA 4 – BOM RETIRO, CAMPOS ELÍSEOS, LUZ, HIGIENÓPOLIS



O Bom Retiro é o mundo

(São Paulo, 2006, cor, 26 min)

direção: André Klotzel

Criado no final do século 19, o bairro foi um abrigo para estrangeiros que vieram se estabelecer em São Paulo. Transformando-se em um pólo econômico dos mais importantes, destaca-se na produção de artigos de vestuários, iniciada pelos imigrantes judeus.

Campos Elíseos

(São Paulo, 2006, cor, 26 min)

direção: Flavio Frederico

Utilizando-se de materiais como filmes de ficção, fotos, depoimentos de moradores e urbanistas, o filme recupera a história dessa comunidade que já passou por um período áureo e que hoje enfrenta um clima de decadência.

A cidade que nasce na Luz

(São Paulo, 2006, cor, 26 min)

direção: Vinicius Mainardi

O bairro da Luz como ponto de encontro de jovens que vêm da periferia para o centro da cidade.

Higienópolis - um recorte do mundo

(São Paulo, 2006, cor, 26 min)

direção: Aurélio Michiles

elenco: Fernando Henrique Cardoso, Denise Fraga, Marina Person, Silvia Poppovic

No final do século 19, dois imigrantes anglo-saxôes, Martinho Buchard e Victor Notham, formaram um grupo empresarial e criaram um dos primeiros bairros residenciais com projeto urbanístico e paisagístico da cidade de São Paulo.

Exibições seguidas, dia 27/1, às 15h





PROGRAMA 5 – PERUS, BRASILÂNDIA, PIRITUBA, FREGUESIA DO Ó



Perus, o bairro que construiu o Brasil

(São Paulo, 2006, cor, 26 min)

direção: Fausto Fass

Mesmo para quem mora em São Paulo, Perus parece outra cidade. O bairro, protegido por morros e pela Mata Atlântica, é um lugar que tem vida própria e clima de interior.

Distrito Brasilândia e suas histórias

(São Paulo, 2006, cor, 26 min)

direção: Daniel Solá Santiago

A Vila Brasilândia nasceu em 1947 e passou a ser distrito em 1964. No princípio, eram chácaras ocupadas por japoneses, italianos, portugueses, espanhóis e húngaros. Com seus 247 mil habitantes, o distrito não possui banco nem hospital.

Terminal Pirituba

(São Paulo, 2006, cor, 26 min)

direção: Eduardo Kishimoto

A pedido de uma professora, três alunos saem em busca da história da região. Os jovens passam a freqüentar bibliotecas e a visitar acervos de fotos e documentos. Entretanto, é no contato com seus familiares que percebem que eles próprios fazem parte dessa história.

Freguesia do Ó, cenas de um bairro, histórias de uma cidade

(São Paulo, 2006, cor, 26 min)

direção: André Costa

Crianças e jovens passeiam com câmeras fotográficas pelas ruas da Freguesia do Ó, um dos bairros mais antigos da cidade de São Paulo. Portando fotografias antigas dos lugares, eles se dão conta das transformações na paisagem.

Exibições seguidas, dia 27/1, às 17h





PROGRAMA 6 – JARDIM FELICIDADE, JARDIM SÃO PAULO, VILA MARIA



Felicidade em construção

(São Paulo, 2006, cor, 26 min)

direção: Alberto La Peña e Eduardo Ramos

Típico bairro paulistano periférico da Zona Norte, estruturado nos anos 1990, a partir de ocupação de terra por população empobrecida e demandas de serviços não prestados por parte do poder público.

Memórias de um bairro - Jardim São Paulo

(São Paulo, 2006, cor, 26 min)

direção: Luiz Adelmo

elenco: Cecília de Paul Safronov e Fausto Fuser

Um avô ajuda sua neta na pesquisa sobre a história do bairro do Jardim São Paulo, na Zona Norte da cidade, fundado em 1938.

Maria e Guilherme, histórias de duas vidas

(São Paulo, 2006, cor, 26 min)

direção: Kiko Goifman

Documentários dos habitantes da região, que relatam suas experiências de vida no local. A importância da influência do samba na comunidade é um dos destaques do filme.

Exibições seguidas, dia 27/1, às 19h30





PROGRAMA 7 – BARRA FUNDA, VILA MADALENA, PACAEMBU



Barra Funda pede passagem

(São Paulo, 2006, cor, 26 min)

direção: Rogério Soares

História do bairro que hoje está em processo de transformação, após um longo período de abandono, descaso e decadência.

Perdizes, as glórias da várzea

(São Paulo, 2006, cor, 26 min)

direção: Rudi Bohn

Uma viagem sentimental pelos locais onde a bola corria e uma herança que se perdeu no tempo. Hoje, o bairro é um pólo de concentração de setores da classe média urbana paulista.

Vila Madalena, uma história e seus atores

(São Paulo, 2006, cor, 26 min)

direção: Ana Luiza Penna

História do antigo bairro alternativo de São Paulo, hoje centro de entretenimento da cidade, que é contada de forma bem-humorada por meio de recursos de animação e documentário.

Pacaembu, terras alagadas

(São Paulo, 2006, cor, 26 min)

direção: Ari Candido Fernandes

Documentário sobre o bairro que teve sua urbanização e loteamento iniciados pela inglesa Cia. City no início dos anos 1920. Entrevistas, depoimentos e arquivos de personalidades que se envolveram com esse bairro.

Exibições seguidas, dia 28/1, às 15h





PROGRAMA 8 – ACLIMAÇÃO, ANHANGABAÚ, BELA VISTA, CENTRO SÉ



Os tempos da Aclimação

(São Paulo, 2008/9, cor, 26 min)

direção: Alethea Silvestre e Cecília Araújo

Moradores e frequentadores da Aclimação são convidados a interagir por diversos meios de expressão: esporte, escultura, desenho, fotografia, culinária. A artista plástica Mabsa explica as origens do bairro e relembra seu avô, Carlos Botelho, fundador do Jardim da Aclimação.

Vale do Anhangabaú – Sala de Visita de São Paulo

(São Paulo, 2008/9, cor, 26 min)

direção: Dudu Toledo e Sergio Gagliardi

Durante muito tempo o Vale do Anhangabaú foi limite e proteção para São Paulo, mas a partir do século 19 ultrapassá-lo tornou-se um desafio. Essa e muitas outras histórias são contadas e apresentadas em animações, que pontuam momentos marcantes da região.

Bixiga: a Bela Vista do palco brasileiro

(São Paulo, 2008/9, cor, 26 min)

direção: Inês Cardoso

Centro de resistência e vanguarda, as ruas do Bixiga abrigaram uma das paisagens cênicas mais significativas da cultura nacional. Este filme é uma homenagem ao teatro, seus artistas e suas obras. Apresenta depoimentos de Antunes Filho, Cleyde Yáconis, José Celso Martinez, Juca de Oliveira, Maria Alice Vergueiro, Maria Della Costa, Paulo César Peréio, entre outras ilustres personalidades do teatro paulistano.

25 de Março: Caixa Mágica

(São Paulo, 2008/9, cor, 26 min)

direção: Edu Rajabally e Eduardo Ppupo

Um retrato da imigração árabe na região do centro de São Paulo, precisamente nas imediações da rua 25 de março, conhecida por seu intenso comércio. Misturando linguagem documental à ficção, conta com a participação de atores, historiadores e representantes da comunidade árabe que ajudaram a construir a trajetória do bairro.

Exibições seguidas, dia 28/1, às 17h





PROGRAMA 9 – ERMELINO MATARAZZO, GUAIANASES, ITAQUERA, JARAGUÁ



Ermelino é luz

(São Paulo, 2008/9, cor, 26 min)

direção: Pedro Dantas

Ermelino Matarazzo, bairro localizado na Zona Leste de São Paulo, é aqui retratado como um local cuja história de autoconstrução e mobilizações populares contribuiu para o fortalecimento da luta pelo direito à moradia em todo o Brasil.

Guaianases – Expresso Ururaí – Lajeado

(São Paulo, 2008/9, cor, 26 min)

direção: Nereu Cerdeira

O bairro Guaianases decorre de uma estação de trem, numa região inicialmente habitada por índios Guaianás e que passou de paragem para viajantes a fornecedor de tijolos, madeiras, pedras e outras matérias-primas para a construção de São Paulo.

Itaquera em movimento

(São Paulo, 2008/9, cor, 26 min)

direção: Marcelo Caetano

Aborda as transformações ocorridas no bairro com a construção de dois grandes conjuntos habitacionais no início dos anos 80 que trouxeram quase 200 mil habitantes para a extrema Zona Leste. A partir dos depoimentos de cinco personagens, o filme traça o impacto das políticas de moradia e ocupação urbana e de que forma cada morador interfere nestas decisões políticas, reconstruindo o seu entorno a partir de opções individuais.

Jaraguá – Terra sem mal

(São Paulo, 2008/9, cor, 26 min)

direção: Marcelo Caetano

O documentário ressalta a presença de duas aldeias de índios da etnia Guarani ao lado do mais alto pico paulistano, conhecido símbolo da cidade. O filme foi criado a partir de entrevistas com moradores e frequentadores do bairro, alguns indígenas, que constroem a vida do Jaraguá, que foi rota marcada no caminho dos bandeirantes.

Exibições seguidas, dia 28/1, às 19h30





PROGRAMA 10 – LAPA, M’BOI MIRIM, MERCADO MUNICIPAL E PARQUE DOM PEDRO II, PARELHEIROS



Cinzas Eternas – Histórias de paixão pelo bairro da Lapa

(São Paulo, 2008/9, cor, 26 min)

direção: Silvia Wolfenson

Acompanhamos a história de Osmar Bueno de Carvalho, um dos criadores da bandeira da Lapa e participante ativo da vida social e política da comunidade desde 1927. Tendo falecido há nove anos, deixou por escrito seu desejo de que suas cinzas fossem espalhadas por algumas das ruas em que viveu.

M’Boi Mirim – Dos índios, das águas, dos sonhos

(São Paulo, 2008/9, cor, 26 min)

direção: Miriam Chnaiderman

M’Boi Mirim é um nome indígena que significa Cobra Grande. Apresentado por um grupo de índios que já morou na região, mostra as várias facetas do bairro, origem de importantes movimentos sociais na década de 1970 e notório em função da violência nos anos 1980. Rica região de mananciais, a contradição entre a moradia e a preservação dos recursos hídricos é vivida de modo contundente.

Voltas – Histórias do Parque Dom Pedro II e Mercado Municipal

(São Paulo, 2008/9, cor, 26 min)

direção: Rogério Nunes

Sete crônicas se entrelaçam numa narrativa poética sobre o local onde o sinuoso rio Tamanduateí descrevia sete voltas e que hoje compreende a região do Parque Dom Pedro II.

Parelheiros – Extremo Sul

(São Paulo, 2008/9, cor, 26 min)

direção: Wagner Morales

Um ensaio documental sobre o bairro localizado mais ao sul da cidade. Pouco povoado, repleto de personagens e histórias, Parelheiros é o bairro com maior área contínua da capital e é palco de uma sociabilidade rara.

Exibições seguidas, dia 29/1, às 15h





PROGRAMA 11 – PARI, POMPÉIA E VILA ROMANA, SANTA EFIGÊNIA, SANTANA



Doces Lembranças – Histórias saborosas do Pari

(São Paulo, 2008/9, cor, 26 min)

direção: Volmar Malgarin

O cheiro das antigas fábricas de doces que funcionaram durante décadas no bairro impregnou a memória de diversas gerações de famílias aí residentes. É justamente pelo olfato que o documentário Doces lembranças resgata as histórias do Pari, que, com mais de 400 anos de existência, tornou-se uma pequena babilônia portugueses, libaneses, bolivianos, armênios, sírios e italianos misturam-se nesse saboroso bairro.

Pompéia e Vila Romana – A geografia de caminhos diferentes

(São Paulo, 2008/9, cor, 26 min)

direção: Neusa Pereira

Uma viagem pelo tempo para contar a história de Vila Romana e Pompéia, dois bairros da zona oeste de São Paulo marcados pela imigração de italianos no início do século 20. A Pompéia, em acelerado desenvolvimento, com grandes prédios, avenidas, comércio, serviços, em contraste com a bucólica Vila Romana, com suas vilas, casas, varandas e quintais.

Santa Efigênia e seus pecados

(São Paulo, 2008/9, cor, 26 min)

direção: Thiago Mendonça

A história do bairro Santa Efigênia ou Boca do Lixo, o mais importante reduto popular do centro de São Paulo, é o ponto de partida para conhecermos os personagens e a cultura de uma região que está marcada para desaparecer, dando lugar a um grande empreendimento imobiliário.

Santana em Santana

(São Paulo, 2008/9, cor, 26 min)

direção: Ugo Giorgetti

Testemunho de quem nasceu e cresceu em uma Santana e, espantado, vê diante de si algo novo. Busca-se o que restou do antigo bairro e mostra-se, ainda, que é possível, observando com atenção, ver o que era tido como desaparecido. É a procura de Santana em Santana.

Exibições seguidas, dia 29/1, às 17h





PROGRAMA 12 – SANTO AMARO, TATUAPÉ, TUCURUVI, VILA MARIANA



Cititur pelo velho e novo Santo Amaro

(São Paulo, 2008/9, cor, 26 min)

direção: Marcelo Müller

Acompanhados por personagens históricos, representados por atores do grupo Parlapatões, as crianças de uma escola municipal de Santo Amaro passeiam pelos pontos turísticos mais interessantes de seu bairro as margens do rio Pinheiros, a estátua do Borba Gato, o agitado largo 13 de Maio, conhecem poesias de Paulo Eiró e se divertem enquanto aprendem sobre o lugar onde vivem.

Tatuapé, caminho do tatu

(São Paulo, 2008/9, cor, 26 min)

direção: Mario Masetti

Um professor que sabe tudo sobre Brás Cubas, padre Matheus Nunes de Siqueira e outros colonizadores do Tatuapé. Uma vendedora de cachorro quente que sabe tudo sobre Sílvio Romero. Um coveiro que sabe tudo sobre a Quarta Parada. Depoimentos de moradores que sabem tudo sobre seu bairro. E um torcedor de futebol que não sabe onde está. Esses são alguns dos personagens que contam a história de um dos bairros mais importantes da zona leste de São Paulo. O período das chácaras e sítios, os estaleiros, a construção da avenida Radial Leste, os campos de futebol de várzea, as fábricas e o boom imobiliário conduzem os personagens em uma ficção documental.

Tucuruvi: a casa dos ingleses

(São Paulo, 2008/9, cor, 26 min)

direção: Coletivo Gafanhoto Verde

O foco central do filme é a velha mansão no alto do bairro. Até o começo da década de 1980, o casarão ainda estava em pé, mas já apresentava decadência. Sua área foi desapropriada para a construção de uma grande avenida e para o prolongamento da linha norte-sul do Metrô. O velho casarão é hoje exemplo da sanha desenvolvimentista que devora e transforma a cidade.

Vila Mariana – De colônia à República da Vila

(São Paulo, 2008/9, cor, 26 min)

direção: Daniel Solá Santiago

Aborda pouco mais de dois séculos de existência da Vila Mariana, explorando sua fundação, desenvolvimento, instituições, estrutura arquitetônica e paisagística, seus movimentos artísticos e, principalmente, os esforços de preservação do bairro por parte de seus moradores.

Exibições seguidas, dia 29/1, às 19h30





SÉRIE CRÔNICAS DA CIDADE



Altiplano Pari (5 min)

direção: Mauro D’Addio

O curta acompanha as manifestações culturais e folclóricas bolivianas que ocorrem, aos domingos, na Feira de Kantuta, no bairro do Pari.

Cidade Limpa, A lei que pegou (5 min)

direção: Vinicius Mainardi

Enquanto o artista plástico Tony de Marco comenta os benefícios da lei Cidade Limpa, fotos tiradas por ele em abril de 2007 são utilizadas para ilustrar os resultados dessa implantação.

Fatia Paulista (5 min)

direção: Sylvain Barré

Estações do Metrô e o Masp são alguns dos pontos mostrados nesta animação que trata dos subterrâneos da cidade.

O Chapa (5 min)

direção: Tatiana Toffolli

O curta acompanha um dia na vida do ajudante de caminhoneiro que faz a entrega de uma encomenda na periferia.

Samparkour (5 min)

direção: Wiland Pinsdorf

O traceur Zico Corrêa percorre locais emblemáticos da cidade, como Viaduto Santa Ifigênia, Estação da Luz, Masp e Estádio do Pacaembu, praticando parkour (saltos acrobáticos urbanos).

São Paulo além das horas (5 min)

direção: Eliane Coster

Por meio das lembranças de um velho relojoeiro, o curta trata da passagem do tempo na cidade de São Paulo.

Sob o viaduto Alcântara Machado (5 min)

direção: Eliane Caffé

O curta mostra a recuperação dos baixos do viaduto Alcântara Machado, transformado em academia de boxe.

Sonho de Cidade (5 min)

direção: Ana Lúcia Guimarães

Imigrantes nordestinos comentam sobre suas expectativas quando chegaram em São Paulo.

Três Tabelas (5 min)

direção: Tatiana Azevedo

Durante partidas de sinuca, velhos moradores relembram o passado dos bairros da Lapa, Barra Funda e Pompéia.

Tias Baianas Paulistas (5 min)

direção: Gustavo Mello, Eduardo Piage e Luiz Ferraz

Senhoras integrantes das alas das baianas de escolas de samba paulistanas comentam a formação do grupo Tias Baianas Paulistas, que apresenta, mensalmente, na Vila Madalena, shows de samba ao ar livre, acompanhados de feijoada.

Exibições seguidas (duração total: 50 minutos), dia 30/1, às 15h

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

PROGRAMAÇÃO NOVEMBRO DE 2010

ATENÇÃO: NOVO HORÁRIO: 19H...por causa do horário de verão!!

07/11A partida. DRAMA. Japão, 2008. Direção de Yojiro Takita. 130 min.


Sinopse: A Partida segue a história de um jovem que começa a trabalhar como "Nokanshi", uma espécie de agente funerário, responsável por preparar o corpo, colocá-lo no caixão e enviar a pessoa que morreu para o outro mundo, agindo como um guardião entre a vida e a morte. Porém seu trabalho é desprezado tanto por sua esposa quanto pelas pessoas a sua volta, mas através da morte é que começa a descobrir o verdadeiro sentindo da vida.

Crítica: A premiação do Oscar desse ano causou surpresa ao ignorar o francês Entre os Muros da Escola e o israelita Valsa com Bashir – duas inovadoras obras-primas – na categoria de filme de língua estrangeira, premiando o candidato japonês, até então pouco conhecido. É, entretanto, compreensível tal fato, visto que A Partida é um filme, ainda que narrativamente convencional e, de certa forma, previsível, que acumula muitos pontos positivos, sendo um ótimo drama de temática diferenciada.

O filme se concentra em Daigo Kobayashi (Masahiro Motoki), um ex-violoncelista, que possuía um trabalho socialmente elevado de tocar numa grande orquestra em Tóquio, que, de repente, é dissolvida por seu dono. Daigo, precisando de dinheiro, retorna à sua cidade natal, junto com a esposa, no norte do Japão, e lá consegue um inusitado emprego: torna-se um “nokanshi”, uma espécie de coveiro especial, mestre em lavar e vestir cadáveres. Essa função advém de uma antiga tradição japonesa, de deixar o morto limpo, belo e bem tratado para seu último momento, função antes exercida pelas famílias dos mortos, mas já meio esquecida e agora por conta de profissionais. Com esse emprego, Daigo consegue o dinheiro que estava precisando, mas esconde seu emprego da mulher e amigos, pois tal função é vista como algo vergonhoso e, no início, até ele assim a vê, como algo desprezível, o toque com o dejeto mortal.
É interessante observar como essa mudança na vida do protagonista engloba vários aspectos. É uma volta para a cidade natal, mas, além disso, uma volta para o passado, para o contato com pessoas de outrora e com traumas de outrora – o relacionamento mal resolvido com o pai ressurge de forma decisiva. Essa volta também é uma representação quanto à nova função de Daigo: em um Japão cada vez mais “moderno” e ocidentalizado, ele passa a lidar com uma antiga tradição tipicamente nipônica. Também, paradoxalmente, é uma época de novidade para Daigo, de lidar com a frustração no trabalho, de se adaptar, de refletir sobre sua vida e seu passado, mas também sobre a vida e a morte.A análise que o filme oferece sobre a morte, aliás, é muito rica. Longe de clichês como “a vida é curta e é preciso aproveita-la” e “a morte é inevitável”, a trama, inicialmente, olha para a morte pelo lado material, tendo Daigo encarando as situações de seu trabalho como insólitas, ao lidar com corpos já sem vida. A morte é vista como algo plenamente corporal e o trabalho de nokanshi como um mero cuidado final com o corpo de um animal – e há uma comparação indireta muito boa, quando, após realizar um trabalho, Daigo chega em casa e há um frango morto, aos pedaços, em uma vasilha, esperando ser preparado e o protagonista fica nauseado. Mas, conforme o personagem vai se adaptando à profissão, mais ele começa a perceber o sentido e a importância desta. A morte deixa de ser vista como plenamente material, e o diretor passa a extrair poesia e beleza dos últimos momentos do corpo na Terra. O trabalho do nokanshi é então compreendido como uma função nobre, que “limpa” o morto e dá-lhe a beleza que era sua em vida, deixa-o da melhor forma possível para que sua partida deste mundo seja digna, para seu último adeus para a família seja belo. Várias cenas, em que vemos a relação da família com o morto que está sendo “preparado”, são emocionantes ao mostrar a verdade do relacionamento entre esses, seja como um adeus triste e lamentador, seja como um momento de aceitação da pessoa como ela foi em vida ou como uma despedida feliz por terem vividos juntos e sido felizes.
A forma como as pessoas fora desse núcleo vêem essa profissão também é algo curioso. Para elas, trata-se de um ofício vergonhoso, indigno e absurdo, o que implica uma visão negativa por parte destes em relação ao contato entre mortos e vivos, bem como uma negação de uma antiga tradição cultural. Esses fatores, contrastando com o amor de Daigo pela música, criam no protagonista um grande embate, à medida em que ele está descobrindo-se em um novo emprego, mas ainda sente falta de sua carreira como violoncelista, carreira muito mais respeitada e bem vista.
Ainda apostando no drama, o filme engloba a questão do relacionamento mal resolvido entre pai e filho, a distância entre eles e, em certo ponto da trama, figura uma outra tradição interessante, a da comunicação através de pedras, em que os sentimentos e significados são passados por pedras que figuram a mensagem.
Tudo isso é conduzido pelo diretor de forma extremamente cuidadosa, sensível, sensata e firme. A direção aposta em um ritmo lento, mas nunca arrastado ou irreal, em planos fixos e observadores e em uma misé-em-scene baseada nos sentimentos envolvidos, no intuito de transmitir a sensibilidade e a verdade de cada momento. O diretor ainda coordena bem seu elenco, extraindo de cada ator a interpretação na medida certa, conseguindo um resultado equilibrado e harmônico. Entretanto, exagera em certos momentos em que pensa estar extraindo uma poesia visual, mas na verdade está deixando a cena carregada e melodramática.
Um dos pontos contestáveis do filme é a sua estrutura um tanto quanto previsível e, às vezes, exagerada em sua emotividade, esbarrando em clichês e melodramas. A trilha sonora, por mais bonita e significativa, às vezes é excessiva e pleonástica. A fotografia, por outro lado, consiste em tons pastéis e um pouco dessaturados e na iluminação farta, funcionando muito bem dentro da proposta estabelecida.
No todo, A Partida é um drama de estrutura não-inovadora, mas otimamente bem realizado, que consegue levantar pontos e questões interessantes e sensíveis de forma diferenciada, além de mostrar um panorama interessante sobre um ato cultural japonês, cheio de beleza e poesia, e consistir em uma análise sobre a morte, mas também sobre a vida, as mudanças e o passado. Fonte: http://www.culturadebolso.org/

Trailler:http://www.youtube.com/watch?v=vNV5SxbTvKA



21/11 Estômago. Comédia. Brasil, 2008. Direção de Marcos Jorge. 113 min


Sinopse: é a história da ascensão e queda de Raimundo Nonato, um cozinheiro com dotes muito especiais. Trata de dois temas universais: a comida e o poder. Mais especificamente, a comida como meio de adquirir poder. E pode ser definido como “uma fábula nada infantil sobre poder, sexo e culinária.

Crítica: Pense num filme que mistura com inteligência todos os ingredientes que o Brasil e seu cinema têm de melhor –não necessariamente de bom, mas que provoque o espectador, aguce os sentidos e faça reagir. “Estômago”, estréia de Marcos Jorge na direção de um longa de ficçãotem tudo isso. E ainda vem acompanhado de muita coxinha.
Premiado nos festivais internacionais de Punta Del Este e Rotterdam, além de ter levado quatro troféus no Festival do Rio 2007, “Estômago” conta a história de Raimundo Nonato (vivido pelo genial João Miguel, de “Cinema, aspirinas e urubus”), um nordestino que chega a São Paulo sem lenço, documento nem dinheiro, e acaba ganhando o emprego de cozinheiro/garçom/faxineiro em um boteco do centro.

Raimundo é explorado pelo chefe, que não lhe paga pelo trabalho, já que dá a ele um quartinho imundo para dormir e refeições diárias. Mas o talento para cozinhar logo aparece, e a clientela do boteco aumenta a todo vapor, o que chama a atenção do dono de um restaurante da vizinhança. Raimundo ganha um emprego novo, onde aprenderá a cozinhar pratos muito mais elaborados do que arroz, feijão, coxinha e pastel. É nesse ponto do filme que olhos mais atentos podem perceber os primeiros sinais de mudança do protagonista –ou apenas achar graça– quando ele mente ao novo chefe, de olho no polpudo salário, que terá de pensar na proposta, já que ganha bem, inclusive com benefícios. Raimundo pode até ter chegado a São Paulo ingênuo, mas não levará muito tempo até que aprenda a viver e lidar com o poder –e a conquistá-lo para si.
Ao mesmo tempo em que o espectador assiste ao crescimento profissional de Raimundo, que vai ajeitando a vida ao lado da prostituta glutona Íria (Fabiula Nascimento), lhe é apresentada uma outra trama, igualmente saborosa: o protagonista está na cadeia, tentando conquistar atrás das grades tudo o que havia levado meses para conseguir fora de lá. E é transformando as gororobas cheias de vermes da prisão em saborosos rangos que ele consegue uma cama e um lugar entre os protegidos da liderança do xadrez.
Minuto a minuto, enquanto assistimos à derrocada de Raimundo, a história vai ficando mais intrigante, dramática e em alguns momentos ainda consegue ser bem-humorada. O que, afinal de contas, levou o cozinheiro àquela cela, justamente quando tudo parecia estar indo bem? Fonte: Débora Miranda, do G1.

Trailler: http://www.youtube.com/watch?v=FimMphR-rEE

Mais detalhes: http://www.estomagoofilme.com.br/



28/11A liberdade é azul.. França, 1993. Direção de Krzysztof Kieslowski. 137min.  


Sinopse: Após um trágico acidente em que morrem o marido e a filha de uma famosa modelo (Juliette Binoche), ela decide por renunciar sua própria vida. Após uma tentativa fracassada de suicício, ela volta a se interessar pela vida ao se envolver com uma obra inacabada de seu marido, que era um músico de fama internacional.

Crítica: Não existe dor maior que um ser humano pode sentir do que perder um filho. Não se trata de especulação, mas de um fato concreto; quem tem filho sabe que o simples pensamento sobre a possibilidade de nunca mais vê-lo já é capaz de causar arrepios. O que dirá, então, de perder não apenas um filho, mas também o marido, durante um acidente de automóvel absolutamente estúpido e banal? É isso o que acontece com Julie (Juliette Binoche), logo no início de “A Liberdade É Azul”, o belo filme de Krzysztof Kieslowski que abre a famosa Trilogia das Cores, composta também por “A Igualdade É Branca” e “A Fraternidade É Vermelha”.

A escolha do tema, em si, já é de uma ousadia quase herética do diretor. Quem mais pensaria em associar um sentimento aparentemente tão positivo e promissor, como a liberdade, a um acontecimento tão doloroso como a morte das duas pessoas que mais se ama? A abordagem do tema é, como quase todo o cinema de Kieslowski, surpreendente e inusitada, mas também intensa, delicada e sobretudo humana, muito humana. A lição que o filme nos dá – e a obra do cineasta polonês está repleta de lições, ainda que “ensinadas” sem nenhum cacoete didático – é simples e até banal, mas certamente verdadeira: o destino pode sortear as pessoas de muitas formas, inclusive com muita dor, e não há o que fazer a não ser viver cada situação que se apresenta com intensidade e honestidade.
Na ótica de Kieslowski, a morte da filha e do marido liberta Julie. Há nessa afirmação uma crítica sutil à instituição do casamento e à família. As duas coisas funcionam, quando analisadas sob esse ângulo, como amarras sociais; são hábitos culturais que estão profundamente arraigados no homem, talvez para combater a solidão que nos acompanha a vida inteira. De qualquer forma, a experiência de Julie é absolutamente radical. Após construir sua vida ao redor de dois indivíduos profundamente amados, ela vê de repente tudo desabar por causa de um vazamento no sistema de freios do carro novinho da família. Uma estupidez possível.
A dor dela é palpável; em certos momentos Julie pára sufocada, com dificuldade até para respirar. Mas é uma reação muda, pois ela não consegue chorar (“eu choro pela senhora”, diz em certo momento a criada da família, em cena belíssima). Não consegue nem mesmo se suicidar; tenta engolir um vidro inteiro de pílulas, ainda no hospital, mas não tem coragem. A cena é emocionante, e explica perfeitamente a radical decisão seguinte da personagem, em torno da qual todo o filme será organizado: Julie decide cortar relações com a vida, cometer uma espécie de suicídio a longo prazo. Doa os móveis, queima as lembranças do marido e da filha, abandona a casa e os amigos, deixa de trabalhar. Aluga um pequeno apartamento em Paris e decide esperar a morte chegar. Só que mesmo na vida mais acética, como mostra Kieslowski, o sentimento – aquilo que nos faz humanos – dá um jeito de brotar.

Um detalhe interessante do filme é o visual requintado, bem diferente do trabalho normal do diretor, que é mais despojado. A fotografia de Slavomir Idziak carrega nos tons azulados e capricha nas composições, algo incomum na filmografia do diretor; um bom exemplo é a tomada, logo no início, que mostra o vazamento no freio do carro em primeiro plano, com a filha de Julie indo fazer xixi na beira da estrada, ao fundo. As cenas com Julie na piscina, uma imensidão azul com iluminação fluorescente, traduzem perfeitamente a protagonista: gelada, triste. Vale lembrar que a palavra “blue”, em inglês, significa tanto “azul” quanto “sentimento de tristeza”. A escolha da história de Julie para ilustrar o tema da liberdade, bem como a cor associada ao sentimento, foram perfeitas.
Outro marco importante do filme realizado através de detalhes estéticos é a utilização da música de Zbigniew Preisner, um colaborador constante. Cabe aqui uma informação importante: o marido de Julie era um maestro famoso e compunha uma sinfonia para ser executada na cerimônia de unificação da Europa, trabalho que fica incompleto porque a mulher decide destruir as partituras. Mas o trecho mais emocionante da sinfonia fica gravado na cabeça dela, e é executado todas as vezes em que as memórias da família afloram; nesses momentos, a tela fica negra, como se a personagem sofresse um blackout emocional. Ou talvez Kieslowski quisesse preservar a intimidade de Julie naquele momento de dor suprema. As duas soluções são válidas, e muito bonitas.
“A Liberdade É Azul” é mais triste e doloroso do que outros filmes do cineasta. É verdade que a obra de Kieslowski está impregnada de um sentimento perene de melancolia, mas nesse filme existe dor, e ela é contundente. Outra característica do diretor, contudo, foi inteiramente preservada: é impossível antecipar os rumos da trama. Em sua nova vida, Julie vai ter que reaprender a usar os sentidos, bem como descongelar os sentimentos, mas isso ocorre paulatinamente, e de maneiras completamente inesperadas.

Perceba, no entanto, a sutileza e a inteligência de Kieslowski ao mostrar o relacionamento (frio, porém fundamental) entre Julie e a mãe, que está internada em um asilo. A velhinha nem sequer reconhece a filha, mas passa os dias assistindo a vídeos de gente de meia idade praticando esportes radicais, como bungee jumping. A mãe de Julie nem sabe, mas celebra a vida de uma forma que a filha não consegue. É interessante notar, portanto, que embora jamais converse com ela sobre isso – na verdade, não conversa com ninguém sobre assuntos pessoais –, são os poucos momentos com a mãe que insinuam a Julie uma mudança de comportamento.

Para os cinéfilos mais apressadinhos, que podem não ver muito sentido na trajetória errática da protagonista, a dica é ter um pouco de paciência e assistir ao filme até os créditos. Somente no final toda a trajetória de Julie vai fazer sentido. Aliás, quando o filme acaba – de uma maneira surpreendente, apenas para confirmar a regra de imprevisibilidade dos filmes do diretor –, dá até para dizer que “A Liberdade É Azul” é otimista. Dolorosamente otimista. A título de curiosidade: atente para a aparição-relâmpago do casal do filme seguinte da trilogia, “A Igualdade É Branca”, em uma rápida cena no tribunal.
Fonte: http://www.cinereporter.com.br/dvd/liberdade-e-azul-a/

Trailler: http://www.youtube.com/watch?v=XHv6K1JVZPE&feature=related












quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Ciclo de filmes: A Ditadura militar no Brasil

Neste mês de outubro de 2010...em plena baixaria das eleições presidenciais, o Cinemoras propõe um debate a partir das produções cinematográficas sobre a Ditadura militar no Brasil...buscando conhecer o passado para pensar o presente e construir o futuro!
Participe e traga suas opiniões!!

Este ciclo de filmes acontecerá nos dias 21, 22, 23 e 24 de outubro..no mesmo local de sempre: Torre ON (ST4) da Moradia Estudantil da Unicamp (Av. Santa Isabel, 1125. Vila Santa Isabel, Barão Geraldo).

Nos dias 21 e 22 (quinta e sexta-feira) as sessões ocorrerão às 19h e nos dias 23 e 24 (sábado e domingo) às 18h.


PROGRAMAÇAO

21/10 – Quinta-feira – 19:00h


Jango. DOCUMENTÁRIO. Brasil, 1984. Direção de Silvio Tendler. 117 min.



Sinopse: Rodado em 1984, Jango retrata a carreira política de João Belchior Marques Goulart, presidente deposto pelos militares em 1º de abril de 1964. Na obra, Tendler procurou mostrar a política brasileira da década de 60, desde a candidatura de Jânio Quadros, passando pelo golpe militar, as manifestações da UNE e os exílios. O filme é narrado pelo ator José Wilker e conta com depoimentos de Magalhães Pinto, Aldo Arantes, Raul Ryff, Afonso Arinos e Francisco Julião, entre outros.

Crítica: Um dos maiores sucessos populares da história do documentário brasileiro, Jango foi um filme necessário no seu tempo (1984, estertores do período de exceção) e hoje é um clássico. Poucas vezes o perfil de um líder político chegou às telas com a fluência, a inteligência e a emoção desse trabalho de Silvio Tendler. O filme concentra-se na figura um tanto trágica desse estadista sem poder que, junto com sua deposição em 1964, levou consigo, por muito tempo, os sonhos de um governo popular. Um tesouro em materiais de arquivo é submetido a uma edição vibrante e servido por um texto que, além de comentar as imagens, vale-se de metáforas e aproximações para revelar o seu subtexto. (Fonte: Programadora Brasil)


22/10 – Sexta-feira – 19:00h



Lamarca. DRAMA. Brasil, 1994. Direção de Sérgio Resende. 129 min.




Sinopse: Crônica dos últimos anos na vida do capitão do exército Carlos Lamarca (Paulo Betti) que, nos anos da ditadura, desertou das forças armadas, e passou a fazer oposição, tornando-se um dos mais destacados líderes da luta armada.



Trailler: http://www.youtube.com/watch?v=oy3Csmjbnu8

23/10 – Sábado – 18:00h



Hércules 56. DOCUMENTÁRIO. Brasil, 2006. Direção de Silvio Da-rin. 94 min.


Sinopse: Documentário sobre a luta armada contra o regime militar, focado no seqüestro do embaixador Charles Elbrick, ocorrido na semana da Independência de 1969. Em troca do diplomata, foi exigida a divulgação de um manifesto revolucionário e a libertação de 15 presos políticos, representantes de todas as tendências que combatiam a ditadura. Banidos do território nacional e com a nacionalidade cassada, foram conduzidos ao México no avião da FAB Hércules 56.

Crítica:  O filme recupera os bastidores de um episódio marcante da história recente do país: a troca de 15 prisioneiros políticos pelo embaixador americano Charles Burke Elbrick, seqüestrado por grupos da luta armada em setembro de 1969.

Além do interesse em reavaliar aquele acontecimento, um dos momentos mais dramáticos na ditadura militar, no auge da repressão do governo Emílio Garrastazu Médici (1969-1974), o documentário traz à tona um notável grupo de personalidades entre os nove sobreviventes do grupo original de 15 prisioneiros.
De um lado, estão os ex-presos políticos trocados pelo embaixador, como o ex-deputados José Dirceu de Oliveira e Vladimir Palmeira, e o jornalista Flávio Tavares. De outro, também são ouvidos idealizadores do próprio seqüestro, como o historiador Daniel Aarão Reis e o jornalista Franklin Martins.
O diretor carioca Silvio Dá-Rin, que é também um dos melhores técnicos de som do cinema nacional, conduz seu filme com ritmo e solidez de informações. Cria clima a partir dos depoimentos dos nove sobreviventes, partindo da famosa foto que os reúne antes da partida.
A montagem tece ligações entre os relatos, em que surgem recordações, como o medo de serem atirados do avião -- um Hércules da Força Aérea Brasileira (FAB) --, seu desembarque no México, sua posterior ida a Cuba, onde foram recebidos como heróis por Fidel Castro.
Os presos trocados não tinham relação direta com o seqüestro. Eram militantes políticos de diferentes facções, que estavam na cadeia, sofrendo torturas. Por isso, vários recordam com que expectativa acompanharam sua inclusão na lista dos passageiros que deixariam o Brasil.
Um dos bons momentos do filme é quando se coloca na mesma mesa cinco dos autores do seqüestro, pertencentes à Dissidência da Guanabara (que depois assume o nome de MR-8) com a ajuda da Ação Libertadora Nacional (ALN). Num animado debate, eles reavaliam suas audaciosas ações e algumas das terríveis possibilidades que não se cumpriram -- como preparar-se para a execução do embaixador, caso resultassem em fracasso as negociações com o governo militar.
Ricas imagens de arquivo, que incluem noticiários da época, e imagens de alguns dos prisioneiros já falecidos -- como o líder camponês Gregório Bezerra e o líder estudantil Luís Travassos -- completam as discussões. O documentário cerca seu tema com cuidado e riqueza de detalhes. Fica claro que não há intenção aqui de ouvir o lado dos militares. O foco está em apresentar a versão de quem lutou contra a ditadura e hoje analisa as transformações do Brasil desde aquela época.
Uma ausência que alguns poderão notar é a do deputado Fernando Gabeira, participante do seqüestro e que se tornou um dos mais famosos do grupo, por ter sido um dos primeiros a contar a história em seus livros ao voltar do exílio. A explicação do diretor é que Gabeira era "soldado raso" da operação e sua intenção era apenas ouvir os líderes.
(Por Neusa Barbosa, do Cineweb, especial para a Reuters

Trailler: http://www.youtube.com/watch?v=Plz0myNOpcU


24/10 – Domingo - 18:00h

Vlado: 30 anos depois. DOCUMENTÁRIO. Brasil, 2005. Direção e João Batista de Andrade.




Sinopse: Morto há trinta anos pela ditadura militar, o jornalista Vladimir Herzog é homenageado neste documentário dirigido por João Batista de Andrade. O longa é um apanhado da vida, carreira e morte de Vlado, contando com depoimentos de amigos e familiares. Entre os entrevistados estão Clarice Herzog, Paulo Markun e Diléa Frate

Crítica: Não é simplesmente um filme sobre Vlado, ou Vladmir Herzog, é um filme pessoal, uma dívida com o destino, assim diz o Diretor João Batista de Andrade. Ele inicia a cena com a praça da Sé em São Paulo e com uma cadeira promete tirar depoimentos sobre todos que viveram ou tiveram sua vida cruzada com Vladmir Herzog. É um filme pessoal, quase todo relatado em primeira pessoa. Com closes fortes, com marcas de expressão, sem maquiagem como um documentário tem que ser. Rugas reais e sorrisos e lágrimas verdadeiras. O Filme é pessoal, mas não teria como não ser. O Diretor afirma que deveu muito ao Vlado por na época não ter a capacidade de transformar aquela dor em algum registro visual. Mas 30 anos depois ele ressalta que uma divida não somente com o amigo com com o país está sendo paga. O filme é mais que pessoal, eu ainda usaria o termo ultra pessoal e de extremo realismo para satisfazer o que o diretor tenha questionado demonstrar. Sobre o que o filme fala? Para quem acha que o Filme é uma biografia de Vladmir Herzog tem a surpresa de encontrar um protesto e um relato direto da ditadura Militar. A introdução toda é feita em cima da figura de Vlado como um personagem histórico, como um resumo de sua vida. Mas não é isto. O pano de fundo, um Brasil conturbado, ganha a grande identidade do filme. Conspirações imaginárias, fuga de Prestes, Detalhes da tortura e ate mesmo um musical de João Bosco aparecem. Nenhuma imagem de torturas, nenhum sangue, ou ao menos nenhuma violência explícita. Toda a violência cresce dos depoimentos comuns e emocionados dos participantes. A violência toda acontece na cabeça daqueles que ali assistem de forma direta e clara o documentário tentando imergir numa das páginas mais negras da historia do Brasil. A edição Antes de tudo é um documentário que tem por objetivo extrair uma certa realidade sob o ponto de vista do diretor. A qualidade das imagens é amadora em sua maioria.Imagens que tremem, experiementalismos em reflexos,mas não tira de parte alguma a atenção do expectador. Mas de pouco isto importa, utilizando-se de filmadoras de mão e filmando a maioria do filme em primeira pessoa. Utilizando-se também de imagens de arquivos como o do culto de repudio na Sé, que nos traz pra dentro do que foi um momento de mudanças e indignação para a sociedade brasileira. Não importa mais a qualidade das imagens e sim o conteúdo com que elas são apresentadas e como conseguiram pegar a verdade, as bocas e olhos que exprimiam verdadeiras imagens sobre o que aconteceu naqueles dias de chumbo. O Diretor se utiliza de capítulos para seqüênciar os fatos ali colocados e dar maior coerência a historia. Destaque para o capitulo intitulado como PRISOES as quais os relatos ganham maior sensibilidade por parte dos entrevistados. Quem fala e faz historia Entre os principais depoimentos temos ilustres figuras nacionais e internacionais que contribuem com memórias para a construção deste quebra-cabeça que foi o caso Herzog. Entre eles aparecem: Clarice Herzog, Ivo Herzog, José Mindlin, Ruy Othake, Dom Paulo Evaristo Arns, Henry Sobel, Fernando Morais, Clara Sharf, Paulo Markun, Aldir Blanc, Alberto Dines, Sérgio Gomes, Diléia Frate, Mino Carta, João Bosco, Rose Nogueira entre outros famosos. Mas também tem muito transeunte mal informado ganhando seus segundos de fama.

Fonte: http://www.adorocinema.com.br/

Trailler: http://www.youtube.com/watch?v=aZRuP2LmIBM